É tudo muito bom, muito saltitante, muito divertido, muito organizado, muito alegrinho, aí vem aquela sensação de dever cumprido, elogios, egos alisados, tudo redondinho, o aquário está cheio. Se tirar a água, se agente raspar, enxugar, tirar a festinha de cena, o que resta? Vou dizer: Nos asilos ainda teremos velhinhos sozinhos esperando uma visita dos jovens, ainda temos casas da última chuva esperando um tijolo para ser reconstruída, ainda temos pessoas sem prato de comida que não precisam só de uma palavra, ainda temos salas vazias que poderiam ser ocupadas com algo realmente útil para o futuro de todos, crianças no hospital do câncer precisando de um simples abraço ou em um orfanato, ali do lado, querendo brincar, por que a festa acaba o show termina, e de concreto mesmo só temos a diversão egoísta que nos faz religiosamente felizes, apenas nós! De concreto mesmo é só a euforia que poderia ser sentida em qualquer lugar até em uma montanha russa, fazer tudo do mesmo jeito entra ano e sai ano é mórbido é doentio é dormecia, sensação de dever cumprido, qual dever? Da endorfina? Conheço Alguém que por muito menos chutou mesa, jogou tudo pro alto e chicoteou uma meia dúzia, por que não entenderam nada, tá vazio, com objeto e sem objetivo, precisamos rever nossos conteúdos, é triste, e de plástico.
Bom Caminho!
Armando Carvalho