domingo

Ele O Simples

Pés no chão, não tinha religião, não tinha onde morar, não tinha anel no dedo, sua autoridade não se submetia a cargos humanos, sua materialidade não existia, o seu único desejo, ser simples, não aceitava ser aclamado por autoridades nem por ninguém, era Deus e quis ser homem, enquanto homens querem ser Deus. O que me agrada mesmo era que as ruas eram o seu altar, os cantos, os guetos o lado sombrio da noite era sua companhia, tinha pés sujos da caminhada mas nunca sua alma era suja a não ser pelos pecados de muitos que carregou em si, 6 horas, dor, 6 horas, choro, 6 horas, pele, 6 horas, sangue e inchaço, mas valeu a pena, a não ser por um detalhe, o detalhe é o rumo, quando olho para Ele vejo o que falta em nós, falta descermos das catedrais de vidro, dos efeitos do show, falta deixarmos o vício do egoísmo que nos obriga a uma masturbação religiosa, falta nos despirmos das placas, dos endereços da fé, e sentir o cheiro do pobre, chorarmos e sentirmos realmente que só uma palavra e uma música legal não basta, falta as ruas, a poeira e a Caminhada, deixar os domingos alegres e invadir a vida do mundo, sem julgamentos, sem intolerância, apenas o colorido do amor vivo. 

Bom Caminho
Armando Carvalho